16 julho, 2009

Eu passo a explicar:

En realidad, nao foi com grandes expectativas que fiz as malas e meti-me no aviao para Mexico City. Quando falo em expectativas quero dizer em encontrar um país espectacular e uma cidade bonita e cosmopolita, que nunca dorme, estilo NYC versao mexicana.
O pouco ou quase nada de feedback que tinha desta cidade nao era, de longe, o mais favorável.

Vinha mais entusiasmada com o facto de poder participar nos meses de pré-abertura de um hotel de luxo de uma cadeia reconhecida internacionalmente.
Obviamente, participar num início de negócio/trabalho num posto relativamente sonante é algo a que poucos têm acesso logo após terminarem a licenciatura (a nao ser que tenham um bom factor "C"), sem mencionar o facto de no Currículo de um hoteleiro ser um grande highlight, ainda mais se a isso estiver associada uma experiência internacional.

Mas esta verdade já transcende a indústria hoteleira e do Turismo.

Prova disso é justamente o programa que proporcionou esta minha viagem e a de engenheiros, gestores, designers, biólogos, arquitectos, informáticos, cientistas, economistas, artistas, marketeers, enfim, you name them, por esse mundo fora: o INOV Contacto.


Bom, mas voltando ao assunto sobre o qual queria debrucar-me, como qualquer pessoa que nao tem grandes expectativas sobre determinado objecto, a Cidade do México surpreendeu-me. Sim, surpreendeu-me e sem dúvidas afirmo que quando me despedir desta cidade, algo vai fazer falta. Nao perguntem o quê. Se quiserem chamem-lhe a Mística, que é o que toda a gente chama a algo que nao sabe definir.
Para mim, é um misto da maneira de ser e de estar das pessoas, da típica gastronomia, das viagens de pesero (para comecar e terminar o dia sempre com adrenalina), do enorme e único "sotaque" cultural e, enfim... tudo o resto - a Mística.

Contudo, tenho uma decisao tomada: voltar - ou melhor - sair daqui?
Porque ao mesmo tempo que esta cidade tem de facto qualquer coisa (seja lá o que fôr), fui-me apercebendo que nao é para mim. Ou eu nao sou para ela.

Como toda a gente deve imaginar, sim, é algo caótica. Quando quero falar, por exemplo, sobre o trânsito, faltam-me as palavras. É indescritível. E deveras, nenhuma foto ou vídeo lhe fazem justica. Convido-vos a virem experimentar a grande Thrill Ride que é conduzir na Cidade do México.
Esta é sem dúvida uma das grandes experiencias a nao perder por quem visita esta cidade - garanto-vos que nunca mais verao o trânsito matinal da A5 ou da Marginal como a coisa mais terrífica e tortuosa do mundo.
E esta experiencia continua em casa: ao acordar, ao tomar o desayuno, ao chegar do trabalho, a fechar os olhos para dormir... as buzinas sao incessantes! Eu mesma acho que os mexicanos nao encontram sentido na vida se nao buzinarem umas 50 vezes em cada 30 minutos... Que nos valham os mexicanos mais originais que, para sobressair na selva de metal, instalam no cochezito buzinas do género "Apalpa-lh´a bilha, já está!" - desculpem a má referência (Joana Lourenco, a culpa é toda tua!), mas deu para perceber a melodia?
TI TI RI RI TI TITI?

Outra experiencia tipicamente mexicana (xii, que sou tao má), mas à qual só alguns eleitos têm acesso, é o assalto com ameacas.
Esquecam os carteiristas de mao leve - apesar de também existirem no Metro de cá (que o diga o Pedro). Eu falo daquele assalto que pensamos que só acontece aos outros e levamos a mao à cabeca só de ouvir contar a história.

Orale pues, eu sou uma das (in)felizes contempladas com uma história dessas para contar. O mais engracado (agora que olho para trás enquanto escrevo isto) é que foi uma dupla experiência tipicamente mexicana, já que aconteceu precisamente dentro de um táxi, no trânsito.
Escusado é dizer que me levaram tudo - including o PC.
Eu sei que era bom (quem nao gosta de uma boa fofoca dramática com requintes de suspense?), mas nao vou entrar em detalhes. Fica para contar entre gargalhadas, uns tremocos e umas imperiais quando chegar - já em menos de 2 semanas!!

Bottom line é que estou safe and sound (e nao é isso o importante?), ainda que com bens materiais a menos e cagufinha a mais, é certo.

E agora já percebem o porquê de poucas fotos postadas - perdi-as todas, juntamente com trabalhos de faculdade, etc... enfim, algumas coisas que se calhar nao fazem assim tanta falta mas que temos pena de perder. Há fotos e vídeos que consigo recuperar em parte, mas outros... a excelente viagem a Barcelona no ano passado, a visita ao museu de Frida Kahlo, etc, foram mesmo e literalmente com esses pinche porcos.

É este o problema de ser tanta (mas mesmo tanta!) gente para uma área demasiado pequena: aqui nao dao tanto valor à vida e às pessoas como na Europa - é a Lei do mais forte, pura e dura.


Mas o expoente máximo das experiências vividas neste antro de emocoes, foi mesmo a mais inesperada: a Influenza.
Quem diria que um espirro de um porquinho constipado nos obrigaria a uma quarentena de 2 semanas? Se
soubesse o que sei hoje, teria aproveitado para viajar...
Ficámos 2 semanas encerrados em casa, completamente vigiados (um bocado demais a nosso ver - e acreditem que nós sabemos do que falamos... =P), sempre de máscara para sair à rua, com uma decisao importante que o AICEP nos colocou nas maos: voltar ou ficar.
Infelizmente um dos membros do núcleo duro regressou efectivamente a Portugal... Mas Bélinha, prepara-te para nós brevemente! =)

Foram sem dúvida as 2 semanas de mais pressao e stress, cheias de vivências intensas (tipo Campus INOV), em que dadas as circunstancias, nós, Contacteantes mexicanos, nos aproximámos ainda mais.

Deixo-vos algumas fotos dos aparvalhancos dos últimos dias de quarentena e uma ou outra da despedida da Bélinha (estas sim, consegui recuperar!).





Cantigas na Rua - numa tentativa frustrada de afugentar o vírus mau!




O mix tédio-stress das 2 semanas de clausura evidencia-se:
Nocas e Bela em busca de porquinhos voadores.




A despedida

(fotos do Zé vestido de gaija boa num teatro improvisado de despedida, only by request!)


O que é certo, no meio e no fim disto tudo, é que desta vez (a outra foi a Disney), de facto, sinto saudades do meu rico país e da minha cidadezeca com os seus supostos "podres", da família e dos amigos, mesmo que os meus planos passem por continuar a viajar - mas desta vez talvez por cidades europeias...

Irónico ou nao, uma experiência fora torna-nos mais fortes, independentes e confiantes. E mais patriotas. Isto, claro, sem prejuízo e com o devido respeito aos ainda mais patriotas que se dedicam e só acreditam numa vida e desafios "lá fora, cá dentro".

Regressar? Sempre!

Disseram-me há uns dias que a isto se chama amadurecer.
E esta, hein?

2 Provas Oficiais:

Afonso disse...

Este capítulo está quase a fechar-se e agora outro vai-se abrir. Mas este capítulo vai ter sem dúvida grande relevo na nossa vida. Mesmo as experiências menos conseguidas vão servir de lição para aquilo que vem aí =)

Beijinho

Unknown disse...

Olha que eu quero a minha comissao!! Fotos do Zé hein...